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SOBRE NÓS

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Quando borboletas provocam furacões

 

O bater de asas de uma borboleta não muda em nada o rumo do vento do mundo. As asas de papel de seda das panapanãs, apesar de firmes e incansáveis, lutam contra o assovio da vara com o intuito único de não se curvar, de resistir, de aguentar o tranco arrastado do vendaval apenas para preservar sua rota e suas escamas.

 

Diante da investida e do peso do ar, numa insistência ora louca, ora transloucada, a borboleta segue seu rumo tingindo de cor e beleza a fuligem e a poeira densa que carregam no alto do seus lombos toda a carga do céu. Uma borboleta sozinha não traz ou leva verões, não define a rota do girar do mundo, não altera, com seu voo insistente, absolutamente nada. Uma borboleta é apenas uma borboleta, planando e sobrevivendo sobre a brisa espessa de uma vida que tarda e falha a todo momento.

 

Assim também o somos. Acreditamos na força e no ofício da palavra, temos a poesia como sacerdócio e o jornalismo enquanto norte mas, pobre de nós, reconhecemos o pouco que isso representa nos dias atuais. Como uma fera acuada diante de seu algoz, tendo de um lado a fumaça do fuzil e do outro o dedo em riste da razão, sem saída no mapa mundi do nosso próprio desespero, não encontramos outro remédio a não ser urrar.

 

Um urro, um grito seco, inquieto, que clama tanto pelo direito ao delírio quanto pelo direito à vida. Um clamor que se enerva, inflama e transforma esse berro selvagem num eco de esperança que pode encontrar outros tantos seres roucos que, apesar da pouca voz, ainda insistem em se rebelar em alto e bom tom contra esse mecanismo desumano e arbitrário que nos rege. Sabemos que mesmo a plenos pulmões travamos uma batalha perdida.

 

O mundo se impõe, sufoca e maltrata, rasgando nossas asas e marcando o pouco de nossa carne com o ferro quente da labuta e da alienação diária. Pouco importa. Não somos camicases remando contra uma procela invencível, tão pouco somos monges entoando cânticos e mantras diante da bala chumbada da opinião pública. Somos poucos, sabemos, quase nada, é certo, mas miramos o futuro com uma faca entre os dentes e a revolta presa na garganta, cultivando no fundo do peito a certeza de que mesmo que seja inglória a luta é parte essencial daqueles que se negam a ficar de joelhos diante de qualquer senhor.

 

A Revista URRO! nasce insolente, transviada e violenta tendo como único norte a indiscutível certeza de que até mesmo as mais frágeis borboletas, quando unidas, podem provocar mudanças extremas; podem fundar coléricos furacões.

EXPEDIENTE

Editores

Bruno Zambelli

Cecilia Gomes 

Maurício Simionato

Milena Carlström

Roberto Cardinalli

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urro.contragolpe@gmail.com

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